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08/03/2019

Engenharia: Profissão que passa de mãe para filha

No Dia Internacional da Mulher, mãe e filha Engenheiras Civis revelam parceria que construíram na vida e estenderam também na carreira

Um laço de sangue sustentado pela união e cumplicidade e, claro, a Engenharia Civil. Assim se resume a história de Margareth Nazima Saiuri, de 44 anos, e Giovanna Nazima Fioravante, de 25. As duas, mãe e filha, são de Londrina e representam a multidão de mulheres que será homenageada na próxima sexta-feira, dia 8 de março, no Dia Internacional da Mulher.

A Saiuri se formou aos 30 anos de idade, depois de muitas dificuldades que encontrou pelo caminho. O sonho de ser Engenheira começou ainda na adolescência e parecia distante, já que ela vinha de uma família pobre. Naquela época, as profissões ligadas à Engenharia ainda não eram tão acessíveis.

“Nos anos 90, a minha profissão ainda era privilégio de famílias ricas. Meu pai e o restante da minha família foram para o Japão para conseguir uma vida melhor. Enquanto isso, fiquei no Brasil com a minha mãe para conseguir uma vaga no curso da UEL”, conta Saiuri, como prefere ser chamada. Mas os obstáculos não pararam por aí. Logo no primeiro ano de faculdade, ela engravidou e teve que parar os estudos. “Me casei e acabei me mudando finalmente para o Japão. Por lá, fiquei cinco anos e voltei aos 25, para finalmente concluir o meu sonho: de ser engenheira”, completa.

A rotina de estudos foi acompanhada pela filha desde pequena. “Eu me lembro que dormia debaixo da mesa enquanto a minha mãe estudava com os colegas de classe. Ela varava a noite e eu achava aquilo uma loucura. Eu dizia que jamais faria um curso como aquele, mas acabei mudando de ideia depois dos 16 anos”, conta Giovanna.

No Ensino Médio, a jovem começou a pesquisar sobre as profissões e descobriu que tinha aptidão pelas ciências exatas. “Quando me deparei com as Engenharias, sabia que faria uma delas. Foi quando finalmente escolhi a Engenharia Civil e, quando contei para minha mãe, ela surtou”, revela aos risos. “O curso é muito difícil e exige dedicação além do comum. Fiquei preocupada. Levei minha filha em vários psicólogos, na tentativa de convencê-la a desistir da ideia. Mas não teve jeito”, justifica a mãe.

Giovanna atribui a escolha pela profissão ao exemplo de força, perseverança e independência da mãe. “Com certeza ela me influenciou. Sempre cresci com a ideia nítida de que precisava trabalhar para me formar e não depender de ninguém nunca”, aponta. 

Hoje, a mãe é funcionária da filha, que é sócia-proprietária de um escritório de Engenharia Civil em Londrina, aberto há cerca de um ano. “Minha mãe saiu de uma grande construtora há pouco tempo e a convidei para trabalhar com a parte de gestão da minha empresa, pois é uma área que ela domina”, diz Giovanna. A mãe comemora a inversão de papéis. “Quando saí do meu último emprego, me vi numa encruzilhada, pois não sabia o que fazer, afinal, eu trabalhei por 14 anos sem parar. Mas entendi que agora chegou a hora da minha filha cuidar de mim. Hoje, ela é o meu suporte emocional e também financeiro”, comemora.

Saiuri atribui a força da filha às vivências desde a infância. “A mulher nasceu para ser forte. Hoje, ela precisa trabalhar, cuidar de um lar e ainda criar os filhos. Percebo que, com o tempo, eles percebem o que nós, mulheres, fazemos. E tudo isso forma o caráter deles. Eu sempre digo que, se tem algo que fiz bem feito nessa vida, foi a minha filha”, finaliza.

Crescimento no número de mulheres engenheiras

O número de mulheres engenheiras cresceu significativamente nos últimos cinco anos, segundo dados do Conselho de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR). Em Londrina e nas outras cinco cidades abrangidas pela regional - Santo Antônio da Platina, Cornélio Procópio, Bandeirantes, Jacarezinho e Ibaiti - o aumento foi de 43%. Em 2014, elas eram 610; hoje, são 870.

Para a suplente de conselheira no Crea-PR e Engenheira de Segurança do Trabalho, Elizandra Sartori, a mulher tem conquistado espaço nas áreas que, historicamente e culturalmente, se tornaram predominantemente masculinas. “A mulher começou a atuar lado a lado com os homens e também tem recebido o apoio deles em relação a equidade de gênero. O que vejo, tanto na minha atuação, quanto nas colegas de profissão, é que existe hoje maior acessibilidade para exercermos as atividades, seja no campo, no canteiro de obras ou na indústria”, explica.

Em Londrina e nos municípios atendidos pela regional, a Engenharia com maior número de mulheres é a Civil, com 404. É a campeã também em crescimento: foram quase 90% no período de 2014 a 2018. Em segundo lugar, aparece a Engenharia Agrônoma, com 262 profissionais. Na sequência, Engenharia de Segurança do Trabalho, com 69 mulheres registradas na atividade que vem crescendo exponencialmente.

Desde o início de 2017, o Crea-PR conta com o Comitê Mulheres, cujo objetivo é fomentar o aumento da participação feminina nas decisões e em tudo que envolve o sistema Confea/Crea e as profissões da Engenharia, Agronomia e Geociências.

Com informações: Assessoria de Imprensa e www.crea-pr.org.br

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